Riscos com Histórias

Desde que temos capacidade de agarrar um objeto que conseguimos riscar. Os primeiros traços não são mais do que o registo dos movimentos, mas à medida que as crianças crescem, os riscos vão-se enchendo de significado, de histórias, de sons, de sentimentos.

Desenhar e riscar, mais do que a procura de um fim, são meios para comunicar, para pensar ou simplesmente para sentir. 

Deixar uma criança riscar livremente e sem regras permite que ela procure os seus próprios significados, as suas próprias relações com os traços.

Não avaliar um desenho, dizendo se está feio ou bonito, tira importância ao trabalho final, deixando que tudo o que está pelo meio floresça. 

Nas nossas atividades de pintura deixamos que os nossos pequenos artistas sigam o seu próprio caminho, que usem os lápis e as tintas à sua vontade, o que faz com que muitas vezes sejamos surpreendidos.

Riscar é uma atividade libertadora, por isso é importante que todas as pessoas tenham momentos em que possam dar ao papel apenas a importância que um papel tem e o possam usar sem se importar com o seu fim, riscando, rasgando e pintando sem objetivo. Pintar fora das linhas, esquecer o céu e a terra, ir sempre mais além, fora da caixa, dentro de um registo próprio que mais ninguém tem de perceber.

Pintar a felicidade é mais importante do que pintar uma vaca.

Desenhar o som do vento é mais difícil do que fazer a melhor figura humana. 

Rasgar é desfazer, e colar é construir. 

São estes os princípios que regem as nossas atividades de pintura. Por isso não temos temas, temos desbloqueadores para ajudar a começar. Por isso não temos fins, temos princípios e ideias. Por isso temos sempre o nosso estendal cheio de obras de arte e música para acompanhar. 

E aí por casa deixam que os pequenos artistas pintem e risquem como querem? E costumam acompanha-los?